Esta sessão tem um sabor muito especial pois eu, na Atalaia, juntamente com o Tonny Vanmunster, na Belgica,
fomos os primeiros amadores a registar o transito deste exoplaneta.
A primeira detecção deste planeta extrasolar foi feita pelo metodo de velocidade radial e já era
conhecido desde 2004, inclusive foi feita pelo prof Greg Laughlin uma campanha para detecção
de transitos a qual não deu resultados.
A noticia da detecção de transito foi publicada no dia 16 de Maio pela equipa Suiça do Observatório de Genéve, imediatamente fui ver os dados que foram colocados a publico e para meu contentamento vi que havia um transito no dia seguinte 17 de Maio. Apesar de ser Quinta-feira (dia de trabalho) preparei a sessão e convenci alguns dos meus companheiros a ir até ao local de observação na Atalaia para a tentativa de registar o transito.
Outra particularidade era o facto de ser um planeta de menores dimensões, não era um Jupiter quente mas um Neptuno que girava em torno de uma estrela anã vermelha cada 2.64385 dias. Como consequência do facto de ter uma massa menor que os habituais planetas gigantes, a quebra de luminosidade gerada pelo seu transito também seria menor e mais dificil de detectar.
O equipamento usado nesta sessão foi o seguinte:
Dados recolhidos para a sessão:
A noite não iniciou como desejava, o stress de ter tudo afinado, regulado, focado e pronto para
iniciar a sequência de imagens fez com que iniciasse a captura com a estrela perto do limite do
fluxo máximo. Como a estrela estava perto do zenite e ia descer mergulhando na massa de ar
calculei que fosse perder fluxo na medida directa dessa descida, só que sucedeu o inverso as
contagens aumentaram pois a estrela "mergulhava" sobre o clarão de Lisboa. Como medida urgente
tive que alterar o tempo de exposição que anteriormente tinha sido calculado em 60s para 50s.
Perdi muitos minutos a verificar a tendência até que percebi que estava mesmo a aumentar e não
a diminuir.
Já desanimado e com o pensamento em conseguir "ao menos" a saida (egresso) continuei o trabalho
do qual capturei um total de 123 imagens.
A surpresa veio no fim, após o processamento das imagens e analise fotométrica que me levou a excluir os frames iniciais, o transito estava lá e completo. O facto é que os dados relativos ao inicio, fim e duração estavam desactualizados, sendo a duração cerca de 56 min e não 85 min o que o torna no planeta com o transito mais rápido registado.