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HD 189733_b


Atalaia, 16 de Setembro de 2006.

Mais uma tentativa para registo do transito do HD 189733_b. Esta é a segunda pois a primeira não correu muito bem tendo inclusivamente perdido o inicio do transito. O equipamento utilizado foi o seguinte:

  • Montagem Losmandy G11 equipada com Gemini
  • Óptica Maksutov-Cassegrain STF 7"F10.
  • Camera Sbig ST8XME cedida pelo Plácido Inocentes
  • Filtro R fotométrico Schuller

  • Localizado na Vulpecula (Raposa), tendo como companhia próxima a nebulosa planetária Dumbbell Nebula (M27), foi detectado em 2005 pela equipa de Michel Mayor (Geneva Observatory, Switzerland) á qual pertence o nosso Portuga Nuno Santos do CAAUL/OAL, pelo método da velocidade radial.
    A estrela de tipo espectral K tem 0.8 massas Solares, o planeta tem 1.15 massas de Júpiter e um diâmetro de 1,26 Júpiter. O período é de 2,218 dias, sim um ano de férias lá equivale a um fim de semana cá pela Terra.

    hd189733finder
    Mapa de localização na constelação da Vulpecula.

    Previamente fiz um estudo sobre a localização da estrela, a hora de inicio e fim de transito, duração do transito, a hora de passagem pelo meridiano etc.
    O site que consulto é o TRANSITSEARCH, temos lá muita informação sobre os possíveis candidatos. Para o HD 189733 retirei os seguintes dados :

  • Hora de início do transito 21:30 UT (22:30 Local)
  • Hora de fim do transito 03:38 UT (04:30 Local)
  • Duração do transito 128 min
  • A "janela" é de aprox. 6 horas sendo o meio do transito ás 0:34 UT (1:34 Local)

    O início das capturas foi ás 22:33 e terminou ás 1:19 seguindo-se a obtenção dos flats.
    Antes demais é preciso enquadrar o nosso alvo e para isso convém saber identifica-lo convenientemente. A imagem abaixo mostra-nos o campo centrado na estrela. Antes de começar a capturar a sério temos que fazer umas imagens e ir medindo o fluxo da estrela para que o mesmo fique num valor que sirva a nossa fotometria. Assim que acertamos num valor podemos começar a sessão que vai demorar algumas horas. Há um pormenor que convém ter em atenção que é o facto da massa de ar variar consoante o objecto está a "subir" ou a "descer", isso faz com que por exemplo o fluxo aumente e saia fora da linearidade da camera estragando a sessão parcial ou totalmente.

    hd189733campo
    Campo da estrela HD 189733 STF 7"F10 + ST8 XME resize 50%
    Imagem tamanho real 100%

    Em baixo o mesmo campo mas com outro telescópio, um newtoniano de 10 polegadas de abertura. Na largura tenho quase 1ºgrau de campo o que é óptimo para se ter estrelas de comparação o mais próximas possível da magnitude da estrela em estudo.

    m27 filipe alves
    Campo da estrela HD 189733 na imagem da M 27 - cortezia do mestre Filipe Alves

    Nesta imagem podemos ver a estrela que se destaca pela sua diferença de magnitude em relação ás restantes. Esse contraste de magnitude é um contra quando se realiza fotometria diferencial. Por um lado temos que manter a intensidade da estrela dentro da linearidade da camara ccd e evitar a saturação, por outro lado isso faz com que as estrelas de menor intensidade fiquem com uma relação sinal/ruído baixa prejudicando a qualidade da fotometria.
    Baseando-me no fluxo da estrela e mantendo as contagens dentro da linearidade do CCD optei por fazer exposições de 8s. No total foram capturados 245 frames dos quais aproveitei cerca de 227 depois de analisados um a um por causa dos raios cósmicos e saltos na guiagem.
    Além das imagens para fotometria também foram feitos Flats recorrendo a uma caixa de Flats feita pelo Henrique Ferreira. Indispensável é a captura de Drak frames para subtrair ás imagens assim como os Darks referentes ao tempo de exposição dos Flats. Por fim não esquecer o Bias que também são necessários para a "redução" das imagens.

    hd189733circulos
    Estrelas usadas como comparação para a fotometria diferencial

    Como estrela de referencia REF_1 foi usada a estrela HD345459 de mag V 8,08. esta estrela foi escolhida por ter uma magnitude próxima e ter uma classe espectral também muito próxima. A estrela de controlo Check_1 é a estrela HD345471 mag. V 10.18.
    Após o processo de "redução" das imagens foi realizada uma escolha dos frames que não apresentam raios cósmicos junto das estrelas que vamos analisar ou "tremuras", só então é feita a fotometria da nossa sequência. O output da fotometria é depois analisado e plotado com a ajuda do Gnuplot.

    plot

    Podemos ver neste "plot" a óbvia assinatura deste exoplaneta. A cava é bem visível ou não fosse este HD189733_b o planeta que produz uma das maiores quebras de magnitude que se conhece.

    plot

    A estrela de comparação aqui tal como se espera representada por um plot horizontal. A pouca exposição (8s com este telescópio) necessária para o registo desta estrela leva a que a "cintilação" afecte visivelmente a qualidade da fotometria.

    plot

    Neste plot temos as duas estrelas no mesmo grafico para melhor se perceber a diferença. A magnitude da estrela de check foi aumentada 2,1 magnitudes para se poder visualizar convenientemente neste plot do GNUPLOT.

    Gregas

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