Atalaia, 14 de Agosto de 2006.
Apesar de ser uma segunda-feira era véspera de Feriado 15 de Agosto e fui até á Atalaia na
companhia dos habituais do
Grupo Atalaia
com o intuito de tentar fazer mais uma sessão fotométrica. O Alvo era o TrES-1.
Localizado na Lyra, foi descoberto pelo
Trans-Atlantic
Exoplanet
Survey
TrES em
2004 através do método da velocidade radial
Para localizar a estrela procurei o "verdadeiro" nome dela no
General
Star
Catalog
GSC 2652:1324 com as co-ordenadas R.A. 19h04m09s Dec +36 37 57.
Com uma magnitude em V de 11.79 a estrela hospedeira é de classe espectral K0V com 0.87 Ms (massas solares) e o planeta que dá a volta em
3,03 dias tem 1.08 Mj (massas de júpiter).
Mapa de localização na constelação da Lyra.
O equipamento para a tarefa de capturar o transito do TrES-1_b foi o seguinte:
Montagem Losmandy G11 equipada com Gemini
Óptica Newton Orion Optics 10"F4.8 do José Rola
Camera Sbig ST8XME do Plácido
Filtro R fotométrico Schuller
Para realizar este trabalho fiz uma pesquisa sobre a localização da estrela, a hora de
inicio e fim de transito, duração do transito, a hora de passagem pelo meridiano etc.
A informação foi retirada do site
TRANSITSEARCH,
temos lá muita informação. Para o TrES-1 retirei os seguinte dados:
Hora de início do transito 22:45 UT
Hora de fim do transito 01:22 UT
Duração do transito 150 min
Após a rotina de montagem e alinhamento polar, instalo a Sbig ST8XME com a qual, após focagem
grosseira, uso para alinhar o Goto da G11 através do monitor em vez de usar a ocular. Depois é procurar a estrela, enquadrá-la no campo, focar, e
passar á parte da guiagem.
A calibração da estrela guia é a parte final antes de dar inicio á captura da sequência
fotométrica que será cerca de 4 horas.
Campo da estrela GSC 2652:1324 conhecida como ( TrES-1 ) Resize 50% - FOV 39'x 26'
Imagem tamanho real 100%
Na verdade antes de começar a capturar faço algumas exposições de controlo para definir o
tempo de exposição ideal. Após algumas imagens e medições, baseando-me no fluxo da estrela
e mantendo as contagens dentro da linearidade do CCD optei por fazer exposições de 120s.
Na imagem podem ver o efeito do excesso de fluxo na estrela mais brilhante fazendo com que
os electrões extravazem para os poços adjacentes no sentido vertical.
Demos inicio ao nosso trabalho ás 22:19 UT e terminamos ás 2:20 UT.
Para começar o céu apresentava algumas nuvens e boas abertas, soprava ainda uma ligeira brisa
mas quando estamos com uma "vela" em cima da montagem qualquer aragem pode significar problemas,
efectivamente houve algumas imagens que ficaram menos boas devido ás "tremuras" do newtoniano
de 1200mm de focal.
No inicio da sessão as nuvens taparam momentaneamente a zona de "trabalho" fazendo perder a
estrela guia. Como consequência temos uma "carecada" visível no patamar antes do transito.
Magnitudes R para a fotometria diferencial. Fonte dos dados fotométricos
Bruce L. Gary
No final da sessão tinha capturado 110 frames de 120s, era altura de capturar os Flats e os Darks.
A primeira fase estava concluida assim como a
noite,
fomos todos para casa depois da habitual paragem para o pequeno almoço na Estação de Serviço da Vasco da Gama.
A segunda fase é o processamento das imagens, a "redução" das mesmas usando os flats, darks e bias.
também é necessário alinhá-los antes de se fazer a fotometria, esse procedimento é absolutamente
necessário para que as estrelas estejam exactamente no mesmo sitio (x,y) em todas as imagens.
É na terceira fase que escolho os frames um a um a rejeitar os que apresentam defeitos de guiagem
ou raios cosmicos junto das estrelas nas quais se vai fazer a fotometria. Depois da "limpeza"
ficamos com 100 dos 110 frames utilizaveis.
A quarta fase é a da fotometria e para tal uso o excelente programa
Iris do meu amigo
Christian Buil, que além de muitas virtudes
a maior é ser freeware.
Depois de obter a tabela com os dados extraidos das imagens uso o
GNUPLOT para fazer e apresentar os
gráficos, é claro que há outros programas também adequados ao efeito e mais divulgados,
como ando numa onda freeware aconselho vivamente o OpenOffice.org mas para os da velha
guarda o Excel será o mais usado.
Gráfico da variação de magnitude da estrela durante a passagem (transito) do seu planeta TrES-1_b
Gráfico comparando a estrela de referência (Ref-1 ) com a estrela em estudo ( TrES-1 )
Sumário de resultados do TrES-1 no TransitSearch.org
-- 14 Agosto 2006 -- fim
Anteriormente tinha feito duas tentativas de registar este planeta extra-solar...
A primeira foi meio transito que tive oportunidade de capturar numa saida de campo ao
Alentejo, mais precisamente em Montes Altos, perto das Minas de S. Domingos - Mertola.
A segunda foi na Atalaia, no ambito de um trabalho a apresentar num curso de astronomia e
foi uma parceria com o meu camarada Licínio Almeida.
2006 04 30 em Montes Altos no Alentejo
2006 05 06 na Atalaia em conjunto com o Licinio Almeida
Montes Altos, 30 de Abril 2006
O equipamento foi o seguinte:
Montagem Losmandy G11 equipada com Gemini do Licinio Almeida
Óptica Maksutov-Cassegrain STF 180/1800
Camera Sbig ST8XME do Plácido
Filtro R fotométrico Schuller
Os dados relativos ao transito retirados do
TRANSITSEARCH
Hora de início do transito 21:30 UT
Hora de fim do transito 00:06 UT
Duração do transito 150 min
Sessão parcial em virtude do transito se iniciar quando a estrela estava a nascer no horizonte
este na contelação da Lyra. Ainda esperei que ela atingisse uma altura de uns 25º / 30º graus
de altura para evitar ao maximo o efeito da massa de ar superior a 2.
Grafico comparando a estrela de referência (Ref-1) com a estrela em estudo (TrES-1)
O grafico acima mostra parte do transito, neste caso meio e fim. É claramente visivel a
saida também chamado Egress. Mtes Altos - Alentejo
-- 30 de Abril 2006 -- fim
Atalaia, 6 de Maio de 2006
O equipamento foi o seguinte:
Montagem Losmandy G11 equipada com Gemini do Licinio Almeida
Óptica Maksutov-Cassegrain STF 180/1800
Camera Sbig ST8XME do Plácido
Filtro V fotométrico Schuller
Os dados relativos ao transito retirados do
TRANSITSEARCH
Hora de início do transito 22:57 UT
Hora de fim do transito 01:33 UT
Duração do transito 150 min
Este trabalho foi feito em parceria com o Licínio Almeida e com o apoio do
José Ribeiro.
Antes do inicio desta sessão ainda fizemos umas imagens do cometa
73p Schwassman/Waschman que
andava a desfazer-se todo e ameaçava não passar desta. Essa foi a parte que correu bem, quando
chegou a hora de trabalhar a sério não conseguimos encontrar uma estrela para usar como guia. Perdi
meia hora de tempo crucial e consequentemente perdi o patamar inicial que eu queria captar antes
do planeta iniciar o transito. Paciência, quem ficou prejudicado com a "nabice" foi o
Licínio pois a fotometria era para ser usada no trabalho final de uma das "cadeiras" do curso
da JMU e que perdeu um pouco do impacto pois ficou parcial.
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Gregas
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