Após um longo período de ausência das observações regulares, decidi tirar o pó a um dos meus telescópios e aparecer no AstroCoruche, um encontro regular organizado pelo prof. Jacinto Castanho, e que por uma razão ou por outra nunca tive oportunidade de visitar.
Este ano o evento realizou-se no sábado passado dia 24 de Maio, com uma pequena série de palestras no Museu Municipal, seguido de um jantar e sessão de observação em Frasão, a alguns quilómetros de Coruche.
Pouco passava das 15h30 quando cheguei a Coruche, tendo encontrado local para estacionar com facilidade. Logo à entrada do Museu Municipal encontrei-me com o Jacinto, e mais uns Atalaicos: o Anselmo Dias, o João Gregório, e o Paulo Pina. Ficámos por ali a meter a conversa em dia, e mais participantes foram aparecendo.
Pelas 16h30 começaram as palestras, precedidas por uma pequena introdução pela organização, e arrancando logo de seguida com uma apresentação do Jorge Oliveira, um antigo aluno do Jacinto, onde ele nos mostrou como tinha usado o rádio-telescópio SALSA (acrónimo de “Such A Lovely Small Antenna”) de 2.3m que se localiza na Suécia e faz parte do projecto EU-HOU (European Hands on Universe) dinamizado em Portugal pelo Nuclio.
As observações tinham como objectivo efectuar um pequeno mapa dos braços da galáxia, e determinar a curva de rotação dessa mesma zona, com recurso a medições na radiação de Hidrogénio.
De seguida assistimos a uma apresentação sobre Poluição Luminosa por um grupo de estudantes de uma escola de Vila Nova da Barquinha, onde além de um bom trabalho de investigação sobre os problemas causados por esta forma de poluição ambiental, ficámos a conhecer algumas boas práticas que a Câmara Municipal implementou na localidade.
Por último, tivemos a Rosa Doran do Nuclio, onde fez uma apresentação sobre Buracos Negros, que serviu como uma boa introdução sobre o tema para grande parte da audiência.
Antes de sair para o jantar ainda tivemos uma breve visita guiada ao núcleo tauromáquico do Museu Municipal, que ficava mesmo “ali ao lado”.
Mais tarde, e após o jantar onde nos encontrámos com mais um numero bastante razoável de participantes, entre eles mais dois Atalaicos que não via há muito, o Ulisses Martins e o Francisco Gomes, dirigimo-nos ao local de observação, que ficava bastante perto do restaurante, e passámos à montagem do material.
Eu montei o meu TEC numa montagem equatorial, o Anselmo montou o Obsession com a ajuda do João, o Paulo Pina montou um refractor Taka numa equatorial também. O Ulisses e o Francisco ficaram um pouco longe, e com o convívio da noite acabei por não os “visitar” e por isso não sei ao certo que material tinham, mas tive muitas oportunidades de conversar e espreitar por vários equipamentos, incluindo o Obsession do Anselmo que acabou por servir também para visual, um dob Orion de 12” que estava com o Paulo Sanches de Moimenta da Beira com quem estive durante algum tempo à conversa a debater oculares.
Da minha parte desenferrujei os meus dotes de apontamento em alguns objectos fáceis do Catálogo de Messier, e ainda estive entretido com Saturno.
A noite estava bastante boa, e o local de observação era muito decente, com excepção de uns candeeiros que perturbavam um pouco, mas teriam sido evitados com um posicionamento mais inteligente dos carros. Com excepção de um pequeno período por volta das 3 da manhã, a noite esteve sempre limpa e sem vento, não muito fria, e no global bastante agradável.
Ao longo da noite tivemos oportunidades de ver alguns meteoros, mas para mim o momento alto foi ver de novo as constelações de verão, Cisne, Sagitário, Escorpião, Seta, Golfinho, etc. a oferecerem belas vistas no dob de 12” do Paulo Sanches com uma ocular de grande campo de 22mm. O Obsession também me mostrou de novo objectos que apesar de já conhecidos, são sempre fascinantes, e entre os quais destaco a M17, uma nebulosa que dá sempre muito prazer rever.
Entretanto com o decorrer da noite as pessoas foram “fechando a loja”, tendo chegado a nossa vez por volta das 3h30 da manhã.
Foi com um grande sorriso de satisfação, que fiz o caminho de volta, que aproveitei para decidir que tenho de ir mais vezes aos treinos… esperemos por céu limpo!